Activismo político

Quem foi Marielle Franco

 
Letícia Lima
Por Letícia Lima. 16 agosto 2022
Quem foi Marielle Franco

A maior parte das discussões políticas no país hoje passa pela figura de Marielle Franco, vereadora carioca defensora dos direitos humanos assassinada em 2018 no Rio de Janeiro. Vista com simpatia pela esquerda e criticada pela direita, a própria investigação do crime que deu fim à vida da vereadora permanece sem resultados e sem encontrar culpados. Descubra neste artigo do umCOMO quem foi Marielle Franco.

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Índice

  1. História de Marielle Franco
  2. Como morreu Marielle Franco
  3. O que Marielle Franco defendia
  4. Marielle Franco: último pronunciamento

História de Marielle Franco

Marielle Franco nasceu no Rio de Janeiro em 1979, tendo crescido na favela da Maré. Foi vendedora ambulante, educadora infantil e dançarina. Mãe solo, em 1998 deu entrada em um cursinho comunitário e ingressou na PUC-RJ (Pontíficia Universidade Católica do Rio de Janeiro) em 2002, no curso de Ciências Sociais, por meio do programa ProUni.

Na universidade, Marielle descobriu a pesquisa acadêmica, prosseguindo os estudos e realizando um mestrado em Administração Pública na UFF (Universidade Federal Fluminense), com foco na segurança pública nas favelas cariocas - realidade que conhecia de perto.

Filiada ao PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), Marielle se tornou assessora parlamentar de Marcelo Freixo (hoje do PSB) em 2007. Freixo ficou muito popular por protagonizar a CPI das Milícias, uma investigação parlamentar acerca das milícias no Rio de Janeiro (organizações paramilitares formadas por policiais ou ex-policiais).

Já em 2016, a própria Marielle Franco foi eleita vereadora pela cidade do Rio de Janeiro, a segunda mulher a obter mais votos para esse cargo em todo o país. Recebeu 46.502 votos. Na Câmara, tornou-se presidente da Comissão da Mulher.

De acordo com o G1[1], enquanto parlamentar, os projetos apresentados por Marielle foram:

  • Creche noturna gratuita para beneficiar mães que estudam e trabalham à noite
  • Campanha permanente de conscientização e enfrentamento ao assédio e violência sexual
  • Criação do Dossiê Mulher Carioca, com dados da violência de gênero
  • Assistência gratuita para construção e reforma de casas para famílias de baixa renda
  • Criação do programa de desenvolvimento cultural do funk
  • Fim da renúncia da cobrança de ISS para empresas de ônibus
  • Restrição de contratos entre Prefeitura e Organizações Sociais (OSs)
  • Prioridade para servidores serem pagos antes do prefeito, vice e secretários
  • Programa de efetivação das medidas socioeducativas em meio aberto
  • Dia da luta contra a Homofobia no calendário da cidade
  • Dia da Visibilidade Lésbica no calendário da cidade
  • Dia de Tereza de Benguela e da Mulher Negra no calendário da cidade
  • Dia Municipal de Luta contra o Encarceramento da Juventude Negra
  • Ações de combate ao jogo "Baleia Azul"
  • Fixação de cartaz informativo sobre violência sexual em locais públicos de atendimento às mulheres

Marielle Franco era um destaque nacional por tudo que representava: uma mulher negra, periférica, não-heterossexual ocupando um espaço de poder.

Se você deseja propor um projeto de lei, saiba mais em nosso artigo como propor um projeto de lei.

Quem foi Marielle Franco - História de Marielle Franco

Como morreu Marielle Franco

Marielle Franco foi assassinada à tiros no centro do Rio de Janeiro, enquanto estava no carro com seu motorista Anderson Gomes, que também faleceu. Marielle Franco foi morta em março de 2018. A última atualização sobre o caso, datada de fevereiro de 2022, anunciava que a Polícia Civil do Rio de Janeiro trocava o delegado responsável pela apuração do crime pela quinta vez[2].

Diversas perguntas sobre a morte de Marielle permanecem sem respostas: quem foi o mandante do crime? Por que matar Marielle? Por que a investigação vem se arrastando desde 2018? Quem desligou as câmeras do trajeto onde o crime ocorreu? As investigações foram fraudadas em algum momento? Qual a ligação do presidente Jair Bolsonaro com o caso?

O que Marielle Franco defendia

Marielle Franco tornou-se um símbolo da luta pelos direitos humanos e deixou um enorme legado para toda a sociedade. Confira nosso artigo sobre como surgiram os direitos humanos.

Entre algumas das iniciativas que o compõem estão:

  • Recebimento póstumo da Medalha Tiradentes pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro;
  • Recebimento póstumo da Medalha Bertha Lutz pelo Congresso Nacional;
  • Dia Marielle Franco no estado do Rio de Janeiro em 14 de março, voltado ao combate do genocídio contra a população negra;
  • Inclusão no hall da anistia internacional daqueles que morreram na luta pelos direitos humanos;
  • Criação do Instituto Marielle Franco, que visa "lutar por justiça, defender a memória, multiplicar o legado e regar as sementes".

O Instituto Marielle Franco se dedica, inclusive, a desmentir fake news sobre a vereadora. Selecionamos algumas verdades a seguir:

  • "Marielle não foi eleita pelo Comando Vermelho". A vereadora nunca possuiu ligação com nenhuma organização criminosa.
  • "Marielle usava drogas". Apesar de não usar drogas, Marielle era, sim, defensora de uma nova política que visasse o fim da guerra às drogas.
  • "Marielle namorou um traficante". Marielle jamais namorou ou teve um envolvimento romântico com alguém ligado ao tráfico de drogas.

Para mais informações, confira a seção Verdades sobre Marielle.

Marielle Franco: último pronunciamento

O último pronunciamento de Marielle Franco é muito forte, pois traz de forma encapsulada todas as suas ideias. Entre as frases mais memoráveis estão:

  • "O que é ser mulher? O que cada uma de nós já deixou de fazer ou fez com algum nível de dificuldade pela identidade de gênero, pelo fato de ser mulher?"
  • "Não serei interrompida, não aturo interrupção dos vereadores desta Casa, não aturarei de um cidadão que vem aqui e não sabe ouvir a posição de uma mulher eleita Presidente da Comissão da Mulher nesta Casa"
  • "As mulheres negras, por exemplo, quando passam na rua, ainda ouvem homens que têm a ousadia de falar do quadril largo, das nádegas grandes, do corpo, como se a gente estivesse no período de escravidão. Não estamos, querido! Nós estamos no processo democrático!"
  • "Vai ter que aturar mulher negra, trans, lésbica, ocupando a diversidade dos espaços"
  • "Se este Parlamento é formado apenas por 10%, 13% de mulheres, nós somos a maioria nas ruas. E sendo a maioria nas ruas, somos a força exigindo a dignidade e o respeito das identidades"

Caso simpatize com as ideias de Marielle e vá votar esse ano, confira se seu/sua candidato(a) aderiu à Agenda Marielle.

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Referências
  1. BARREIRA, Gabriel. Em mandato na Câmara, Marielle Franco defendeu minorias. Disponível em: <https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/em-mandato-na-camara-marielle-franco-defendeu-minorias.ghtml>. G1. Publicado em 15 de março de 2018. Acesso em 11 agosto de 2022.
  2. CASO MARIELLE E ANDERSON. Linha do Tempo. Disponível em: <https://casomarielleeanderson.org/linha-do-tempo>. Acesso em 11 agosto de 2022.
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