Símbolos de gênero: significados e origem

A diferenciação simbólica entre feminino e masculino de fato originou-se na Roma antiga, com a associação de tudo que era identificado como do universo feminino à deusa Vênus e tudo o que representava o masculino era vinculado ao deus Marte.

Os gregos e, mais tarde, na Idade Média, os alquimistas associavam não só aos deuses, mas também a metais e aos planetas. Nesse sentido, Marte representava o ferro e Vênus o cobre^[1].

Toda essa simbologia ficou esquecida até que, no século XVIII, o biólogo e botânico sueco, Carlos Lineu, resolveu popularizar a nomenclatura binomial, se tornando o pai da classificação biológica. Lineu, ao observar a reprodução das plantas, passou a acreditar que elas eram sexuadas, e começou a nomeá-las de acordo com o gênero.

Se eram femininas, ele usava o símbolo de Vênus, se fossem masculinas, o de Marte. Para as plantas híbridas, o biólogo utilizava um símbolo que remetia ao caduceu de Mercúrio. A sua referencia influência até hoje nos moldes que perduram entre os seres humanos^[2].

Na genealogia – ciência que estuda a origem, a evolução e a disseminação das famílias – os gêneros ganharam outra representação simbólica. Aqui, o feminino é representado por um círculo, enquanto o masculino é simbolizado por um quadrado. O losango é a representação do sexo indefinido. Na antropologia, a terminologia de parentesco, o triângulo passa a ser usado para o masculino e o feminino continua sendo identificado com o círculo. Outra representação muito usual são os pictogramas que vemos nos banheiros públicos.

O espelho de Vênus é a representação do feminino. Na mitologia romana, Vênus era a deusa da beleza, representando o amor, a harmonia, a beleza e a empatia. Fazendo alusão também aos metais alquímicos, muitos dizem que o símbolo se assemelha a um espelho de bronze com uma alça. Contudo, outros estudiosos vinculam o símbolo à forma de escrita grega do nome dos planetas.

Na antiguidade, as religiões pagãs – que cultuavam a Mãe Terra e a Natureza – utilizavam o pentagrama para representar o lado feminino e o sagrado feminino. A junção de Vênus e do pentagrama eram símbolos da perfeição e da beleza^[3].

Em contraposição à Vênus, Marte é o deus da guerra, sendo associado à agressividade, à força física e à impulsividade. Com o elemento alquímico sendo o ferro, aliado à imagem de guerreiro, o símbolo masculino é representado pelo escudo que o deus Marte usava durante as guerras.

A junção dos símbolos de Marte (masculino) com o de Vênus (feminino) representa a heterossexualidade e a atração entre os opostos. Já a estrela de Davi, muito conhecida por ser o símbolo do judaísmo, também pode ser analisada por sua representatividade de união dos gêneros, uma vez que o triângulo posicionado para cima representa o órgão masculino e o elemento fogo. Por sua vez, o triângulo virado para baixo representa o elemento água e a mulher^[4].

Dos anos 1970 para cá, diante do surgimento e evolução de políticas idenitárias LGBTs, foram adotadas variações dos símbolos de gênero para expressar orientação sexual. O primeiro nesse sentido foi a junção de dois símbolos masculinos para representar a homossexualidade masculina.

A partir de 2005, alguns desses símbolos passaram a ser identificados também pelo sistema Unicode^[5], que é um padrão, desenvolvido pela Organização Internacional para Padronização (ISO), que permite aos computadores representar um texto de qualquer sistema de escrita existente. Veja quais são os outros símbolos de gênero LGBT reconhecidos pelo Unicode:

• Homossexualidade masculina: Dois símbolos masculinos
• Homossexualidade feminina: Dois símbolos femininos
• Bissexualidade: símbolos feminino e masculino combinados
• Transgeneridade: símbolo feminino e masculinos combinados com uma seta cruzada
• Androgenia: símbolo com a seta com cruz
• Assexualidade: símbolo circular branco
• Neutralidade de Gênero: símbolo neutro (espelho sem a cruz)
• Não-binários: símbolo asteroide
• Gênero fluido: símbolo infinito com cruz e seta
• Pansexual: símbolo representado pela letra P com uma seta cruzada

O Yin Yang, símbolo da filosofia do taoísmo, representa a união e a energia dos opostos. Dentro desse conceito, também serve para significar o masculino (yin) e o feminino (yang), bem como os polos positivo e negativo, o fogo e a água, o céu e a terra, a consciência e a inconsciência.

No campo ideológico temos a suástica, símbolo tão utilizado para identificar os partidários do nazismo. Contudo, nem sempre ela foi utilizada com fins político-ideológicos. Antes, a suástica era a representação universal do sol. Ainda, há quem interprete os seus “braços” como símbolos masculinos (braços apontando para a direita) e femininos (aqueles apontando para a esquerda).

Ao longo da história, não apenas os símbolos de gênero, mas também diversos outros serviram para os diferentes grupos da sociedade como elementos e instrumentos de identificação, reconhecimento e pertencimento. É assim com grupos religiosos, ideológicos e idenitários.

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