Comer carne de porco é pecado para os muçulmanos?

No Alcorão, o livro sagrado do Islã, a questão da carne de porco é claramente abordada. Em alguns de seus versículos, fica estabelecido que os muçulmanos devem se abster do consumo deste animal e de qualquer produto alimentar obtido de porcos.

Por exemplo, no capítulo 2 do Alcorão, versículo 173, é mencionado o seguinte: “Saibam que Allah os proibiu de consumir apenas a carne do animal morto por causas naturais, o sangue e a carne de porco”. Além disso, no Alcorão (capítulo 6, versículo 145), a carne de porco é definida como uma impureza e é descrita como “uma perversão” e “uma imundície”.

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Além da questão religiosa, existem mais razões pelas quais os muçulmanos não comem presunto ou carne de porco com base em aspectos culturais.

• Tradicionalmente, a suinocultura no Médio Oriente era ineficiente e dispendiosa. São animais que necessitam de locais úmidos e sombreados, como florestas, para regular sua temperatura, algo que o clima dessas terras não oferece.
• Além disso, os porcos não produzem pele ou leite como outros animais, o que os torna menos lucrativos em questões alimentares e econômicas para os muçulmanos. Eles também não são adequados para carregar ou arar e sua natureza onívora os leva a competir com os humanos na busca por alimento.
• Outras hipóteses culturais sugerem que, no passado, o porco era um animal sagrado em algumas tribos do Médio Oriente. No entanto, este fato não pode ser relacionado diretamente com a subsequente proibição do consumo de carne de porco.
• Razões sanitárias também explicam porque os muçulmanos não comem presunto. A questão vai além de considerar que o porco é um animal sujo. Embora seja verdade que os porcos amontoados em espaços pequenos ou com falta de higiene podem ficar cobertos pelos próprios excrementos ou pela lama formada pelos dejetos, pela água e pelos seus movimentos, existem outras razões mais profundas.
• Um dos argumentos dos muçulmanos para não comerem carne de porco é que, historicamente, este animal tem sido portador de parasitas e doenças, alertando assim para preservar a saúde da comunidade muçulmana. No entanto, este argumento pode ser questionado ao notar que outros animais que os humanos consomem, incluindo os muçulmanos, também podem transmitir certas doenças.

O conceito utilizado para se referir aos alimentos aceitos segundo a Sharia (lei islâmica) é Halal. É um termo que se refere a práticas permitidas pela religião muçulmana, mas especialmente ligadas à alimentação. Os alimentos que não são considerados Halal são chamados de Haram.

Estes são os alimentos proibidos aos muçulmanos:

• Carne de porco e javali.
• Carne de cachorro, macaco e cobra.
• Aves de rapina com garras, como abutres, águias e outras aves semelhantes.
• Animais carnívoros com presas e garras, como tigres, leões, ursos e outros animais semelhantes.
• Animais nocivos, como escorpiões, centopéias, ratos e outros animais semelhantes.
• Animais considerados repulsivos em geral: piolhos, vermes, moscas e outros animais semelhantes.
• Animais que o Islã proíbe matar, como abelhas, formigas e pica-paus.
• Mulas e burros domésticos.
• Animais que vivem tanto em ambientes terrestres quanto aquáticos como crocodilos, sapos e outros animais semelhantes.
• Todos os animais aquáticos que são venenosos e perigosos.
• Qualquer animal que não tenha sido abatido de acordo com a lei islâmica.
• O sangue.

Os muçulmanos também estão proibidos de consumir aditivos e produtos derivados da carne suína, como a gelatina. Também são proibidos aditivos provenientes de outros animais, como gordura de peixe, pele de vaca, ossos de animais e alguns advindos do leite de vaca.

Portanto, para seguir rigorosamente as orientações indicadas no Alcorão e na Sharia, os muçulmanos devem prestar muita atenção a mais do que simplesmente evitar o consumo de carne de porco e encontrar locais de comercialização com certificação Halal. Em Espanha há cada vez mais destes locais Halal nos quais existe um controle que garante o abate dos animais seguindo os preceitos do Islamismo e que, enquanto o produto é manuseado, não é misturado com carne não halal.

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