Quais foram as capitais do Brasil

Salvador foi a primeira capital do Brasil, entre 1549 e 1763. Como no período colonial a região nordeste concentrava a produção açucareira, era interessante para os negócios da metrópole estabelecer uma capital na região. Além disso, de acordo com Pinheiro^[1], "é um bom porto natural, parada obrigatória dos barcos que vêm da Metrópole em direção a outros pontos do Brasil, ou de passagem para as colônias portuguesas da África e da Ásia".

Com uma estrutura de fortaleza para se defender de possíveis ataques estrangeiros, Salvador guardou-se como metrópole por séculos. "Salvador se mantém como capital da colônia até 1763, quando essa função é transferida para o Rio de Janeiro. Apesar disso, Salvador ainda é a capital de uma província importante, a Bahia [...]".

A troca ocorreu porque o açúcar perdeu o seu significado quando os portugueses descobriram ouro em Minas Gerais. O que realmente importava nesta nova fase era o desenvolvimento de metais preciosos. Assim, os líderes decidiram mudar a capital para o Sudeste, onde estavam as novas riquezas.

O Rio de Janeiro foi a segunda capital do Brasil e também a capital do império português. Portugal colonizou o sul do Brasil a partir da sua base no Rio e tornou-se hostil à Espanha no Rio da Prata. No início, o Rio de Janeiro só estava consciente dos inconvenientes causados pela descoberta deste Eldorado mineiro.

À medida que o estado de Minas Gerais atraía mão-de-obra, os campos do Recôncavo foram sendo limpos e os habitantes tiveram de suportar o aumento dos preços dos bens e dos escravos. O Rio também estava longe das duas estradas que conduzem às minas de ouro.

Manadas de gado e comboios de mula circularam entre Minas Gerais e a cidade portuária ao longo de duas rotas até 1705, quando a corte real ordenou a abertura do Caminho Novo. A vocação marítima e atlântica da cidade tinha uma função continental. Isto deu-lhe uma vantagem decisiva sobre os seus rivais de São Paulo e Salvador em relação ao estado de Minas Gerais.

A independência assumiu uma especificidade interessante no Rio de Janeiro, capital do curto Império Luso-Brasileiro, entre 1808 e 1821. A cidade tornou-se o centro de um estado centralizado em torno do qual o território brasileiro foi delineado, e os seus grandes momentos de história foram entrelaçados com a história brasileira até que perdeu o seu estatuto de capital em 1960.

Pouca gente sabe, mas devido ao fato de ser uma das únicas capitais brasileiras que não se opuseram à ditadura, Curitiba foi capital por três dias numa ação de marketing do governo, durante os dias 24 e 27 de março de 1969.

Na época, mudar a capital para Brasília foi uma escolha polêmia: "a capital tem funções muito bem determinadas a exercer, a serviço do país. Para o país interessa muito mais a posição em que se acha sua capital, do que o sítio. Êste interessará, certamente, de modo particular, aos habitantes da capital, mas não tanto ao conjunto da nação"^[2], segundo artigo da Revista Brasileira de Geografia da Época.

Brasília, a capital federal do Brasil, é a terceira capital depois de Salvador, da época colonial; e do Rio de Janeiro, do período imperial. O lugar foi planejado e construído num período muito curto (1956-1960) com a intenção de transcender os fins políticos, econômicos e simbólicos, emergindo do nada e tornando-se uma obra de arte. A capital é um exemplo de planejamento urbano grandioso e monumental, equilibrando constantemente a criatividade e a abstração.

Situado no interior do vasto planalto central desértico do Brasil, cria uma sensação de espaço infinito, proporcionado pelos grandes espaços abertos que também existem na área urbana.

A infinita extensão do altiplano e a vasta extensão exprimem a ordem absoluta. As mesmas qualidades podem ser observadas na composição geométrica das estrutura surbanas e sobretudo nas tendências abstratas da arquitetura que dissolvem a materialidade dos edifícios. O objetivo do presente documento é considerar as características mais relevantes da metrópole e descrever os longos preparativos para a sua criação, realizados de acordo com o desenho conceptual clássico.

Em "Por que construí Brasília", o presidente Juscelino traz de forma breve os seus motivos:

Como todas as grandes iniciativas, surgiu quase de um nada. A ideia da interiorização da Capital do País era antiga, remontando à época da Inconfidência Mineira. A partir daí, viera rolando através das diferentes fases da nossa História: o fim da era colonial, os dois reinados e os sessenta e seis anos da República, até 1955. Pregada por alguns idealistas, chegou, mesmo, a se converter em dispositivo constitucional. No entanto, a despeito dessaprolongada hibernação, nunca aparecera alguém suficientemente audaz para dar-lhe vida e convertê-la em realidade. Coube a mim levar a efeito a audaciosa tarefa. Não só promovi a interiorização da Capital, no exíguo período do meu Governo, mas, para que essa mudança se processasse em bases sólidas, construí, em pouco mais de três anos, uma metrópole inteira [...]

Assim, apesar de todas as controvérsias, temos uma explicação clara do porquê da construção de Brasília.

Agora que vocè já sabe quais foram as três capitais do Brasil, leia também nossos artigos lista de países e capitais da União Europeia e lista de países e capitais da África.

Se pretende ler mais artigos parecidos a Quais foram as capitais do Brasil, recomendamos que entre na nossa categoria de Formação.