Por que não pode comer carne na Sexta-feira Santa

Por que não pode comer carne na Sexta-feira Santa

A Sexta-feira Santa, também chamada de Sexta-Feira da Paixão, é um feriado nacional para os países de maioria católica, como o Brasil, que serve para relembrar a crucificação de Jesus Cristo, que ocorre dois dias antes da Páscoa. Todas essas datas integram a Semana Santa, que inicia no Domingo de Ramos, sendo que ela é repleta de simbolismo e rituais praticados pelos católicos, como não comer carne e fazer jejum em alguns dias. Por isso, se você quer saber por que não pode comer carne na Sexta-feira Santa, confira as informações reunidas sobre o assunto pelo umCOMO.

Como funcionam a abstenção da carne e o jejum

Existem várias práticas comuns na Semana Santa, muito antigas e que persistem até os dias de hoje, como o costume de não pode comer carne na Sexta-feira Santa, o que também é indicado de fazer na Quarta-feira de Cinzas. Em ambos os dias recomenda-se ainda que os católicos façam jejum, ao menos até o meio dia, e que não paguem e nem recebam contas. No entanto, ao longo dos anos, essas recomendações sofreram algumas mudanças, as quais tinham o objetivo de se adaptarem ao seu tempo. Mas independente do que não pode ser feito durante esse período, a questão é que isso seja feito como um sacrifício a fim de relembrar e reconhecer o sacrifício de Jesus Cristo, sendo que ao ser crucificado ele o fez para salvar as outras pessoas de seus próprios pecados.

Dessa forma, não comer carne seria uma forma de se sacrificar, por isso mesmo, existem integrantes da Igreja Católica que explicam que o sacrifício pode ser feito de outra maneira, como deixando de fumar, beber refrigerante, tomar sorvete ou outra coisa da qual goste muito na Sexta-feira Santa, já que para muitos fiéis esses seriam sacrifícios com maior carga de significado. Além disso, recomenda-se que nesse dia seja feito apenas uma refeição, o que não é preciso ser feito por pessoas doentes, crianças até os 13 anos e idosos.

É pecado comer carne?

Embora se encontrem informações contraditórias, alguns padres afirmam que comer carne, hoje em dia, no dia santo não é mais considerado pecado e que essa prática não é uma obrigação, mas sim, uma recomendação da Igreja Católica aos seus fiéis. Da mesma forma que é recomendada a prática de atos de penitência ou caridade na Sexta-Feira Santa. Nesse sentido, o ato de não comer carne é também uma forma de se solidarizar com as pessoas que passam fome em todo o mundo. Na realidade, é essa a principal razão para que se fosse usado como sacrifício a ausência da carne do cardápio, uma vez que, há séculos, quando esse ritual foi instituído, o acesso a esse alimento era muito restrito.

A carne era uma iguaria luxuosa servida apenas em banquetes para quem fazia parte da corte ou era um nobre. Como esses momentos eram muito fartos, o comer carne estava associado à gula, um pecado que não devia ser praticado na Sexta-feira Santa. Também é importante dizer que quando se fala em ”carne” se está referindo à carne do boi, sendo que o peixe não entrou na lista da abstinência uma vez que a sua presença era irrelevante nas mesas fartas dos nobres. Por isso, é muito comum que os fiéis católicos, atualmente, substituam a carne vermelha pela de peixe nesse feriado santo.

Há também quem ressalte que a abstinência da carne é uma prática que deveria ser executada em todas as sextas-feiras do ano. Essa recomendação está no Código de Direito Canônico da Igreja Católica, o livro que rege as regras da instituição religiosa. Vale dizer ainda que o abster-se da carne no dia Santo não é algo que exista na Bíblia, e sim, apenas nesse código, sendo assim uma tradição criada pela Igreja Católica, como tantas outras.

História de jejuar e não comer carne

Desde que a Igreja Católica criou o ritual de não comer carne e de jejuar, na Idade Média, o seu significado, além de significar um sacrifício e refletir sobre a crucificação de Jesus, é o de promover uma vida de disciplina, na qual se consegue evitar as tentações, as quais permitem aos fiéis seguir os desígnios divinos cristãos. Vale aqui um adentro, o jejum é também uma forma de sacrifício porque, com exceção dos nobres e do clero, as pessoas não possuíam acesso à carne e, assim, ficar sem comê-la não significaria um sacrifício, diferente da corte e dos demais integrantes do alto escalão que se esbanjavam nos banquetes com muita carne.

No entanto, foi apenas na Idade Média que o costume de não comer carne se consolidou, quando o Papa Nicolau I, no século IX, tornou obrigatório a todos os cristãos a partir da idade dos sete anos a penitência de não comer carne. Houve um período, ainda na época medieval, que os fiéis começaram a jejuar também aos sábados. Mas em pouco tempo os católicos começaram a questionar a prática, fazendo com que o Papa Inocente III, no século XIII, decretasse que não seguir o jejum era pecado grave, o que foi mudando no século XVII, pelo Papa Alexandre VII, que para amenizar a situação instituiu que não era mais um pecado grave, mas sim, leve, o que imperou até 1983, quando foi criado o novo Código de Direito Canônico.

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